Sabrina Rosa
Campo
O conceito de campo complementa o
de habitus, pois para Bourdieu (2001) o campo consiste no espaço em que ocorrem
as relações entre os indivíduos, grupos e estruturas sociais, espaço este
sempre dinâmico e com uma dinâmica que obedece a leis próprias, animada sempre
pelas disputas ocorridas em seu interior, e cujo móvel é invariavelmente o
interesse em ser bem-sucedido nas relações estabelecidas entre os seus
componentes (seja no nível dos agentes, seja no nível das estruturas).
“É um universo social particular constituído
de agentes ocupando posições específicas dependentes do volume e da estrutura
do capital eficiente dentro do campo considerado. É um sistema de posições que
podem ser alteradas e contestadas.”
Representa um espaço simbólico, como um microcosmo dotado de leis próprias[1],
no qual as lutas dos agentes determinam, validam e legitimam representações. É
o poder simbólico. Nele se estabelece uma classificação dos signos, do que é
adequado, do que pertence ou não a um código de valores. No campo, local
empírico de socialização, o habitus constituído pelo poder simbólico surge como
todo e consegue impor significações tornando-as legítimas. Os símbolos
afirmam-se, assim, na noção de prática, como os instrumentos por excelência de
integração social, tornando possível a reprodução da ordem estabelecida.
* Exemplo: no Campo do
Esporte as lutas travadas pelos atletas para se afirmarem não é o mesmo tipo de
luta que o professor deve realizar para se afirmar no Campo Acadêmico. Tais
lutas seguem regras diferentes devido ao fato de serem campos diferentes.
Capital
É um conceito que
discute a quantidade de acúmulo de forças dos agentes em suas posições no
campo. Os capitais possuem volume (quantidade) e estrutura (tipo de capital).
São quatro os principais tipos de capital: o econômico, o cultural, o social e
o simbólico.
1. Econômico: ligado aos meios de produção e renda.
2. Cultural: se subdivide em 3 tipos – a saber: institucionalizado
(diplomas e títulos), incorporado (expressão oral) e objetivo (posse de quadros
ou obras de arte).
3. Social: é o conjunto das relações sociais de que dispõe um indivíduo,
sendo que, é necessária a manutenção das relações sociais, das redes (convites
recíprocos).
4. Simbólico: está ligado à honra, ao reconhecimento e corresponde ao
conjunto de rituais (etiquetas, protocolo).
* Exemplo: um agente que possui o capital econômico teria mais
oportunidades de adquirir outros tipos de capitais, como o cultural objetivo
materializado na forma de quadros e obras de arte em geral, entre outros.
Habitus
"(...)
sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as
experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções,
apreciações e ações, e torna possível a realização de tarefas infinitamente
diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas que permitem
resolver os problemas da mesma forma e graças às correções incessantes dos
resultados obtidos, dialeticamente produzidas por estes resultados" (BOURDIEU, Pierre. In: ORTIZ, Renato Org. Pierre Bourdieu Sociologia. São Paulo: Ática.
1983. pg. 65).
"sistemas
de posições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionar como
estruturas estruturantes, quer dizer, enquanto princípio de geração e de
estruturação de práticas e de representações que podem ser objetivamente
'reguladas' e 'regulares', sem que, por isso, sejam o produto da obediência a
regras, objetivamente adaptadas a seu objetivo sem supor a visada consciente
dos fins e o domínio expresso das operações necessárias para atingi-las e, por
serem tudo isso, coletivamente orquestradas sem serem o produto da ação
combinada de um maestro" (BOURDIEU
apud MICELI, 1987: XL).
Segundo Bourdieu (2001), o Habitus
é como uma segunda natureza, em parte autônoma, sendo que é histórica e presa
ao meio. Ele usa o termo Infraconsciente para localizar o habitus, visto que, seria
um princípio de um conhecimento sem consciência, de uma intencionalidade sem
intenção. Podendo ser transferido e adquirido de maneira explícita ou
implícita, através da aprendizagem e funciona como um sistema de esquemas
geradores de estratégias, que podem ser ou não de acordo com os interesses dos
seus autores, sem terem sido idealizadas com esse fim.
O Habitus então funcionaria como
um esquema de ação, de percepção e de reflexão, que está presente na corpo e na
mente – como em posturas e gestos (hexis), maneiras de ver e classificar da
coletividade de um determinado campo, operando distinções. As disposições
presentes no habitus são plásticas e
flexíveis, podendo ser fortes ou fracas e são adquiridas pela interiorização
das estruturas sociais.
* Exemplo: o habitus, as disposições do Campo Acadêmico
e a postura diferenciada de seus agentes em relação aos dos outros campos (como
o Campo Esportivo). Os intelectuais são possuidores de grande volume de capital
cultural. Nesse campo é valorizado e incentivado a aquisição de títulos e
diplomas, a boa oratória e, principalmente a própria produção do conhecimento.
Referências Bibliográficas
BOURDIEU, Pierre. In: ORTIZ, Renato
Org. Pierre Bourdieu Sociologia. São Paulo: Editora Ática. 1983.
________________. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Editora Bertrand
Brasil. 2002.
Revista Espaço Acadêmico. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/024/24cneves.htm
- acesso em 21 de Junho de 2010.
SANTOS, Pablo. Sobre a Sociologia Educacional de Pierre Bourdieu: primeiros
conceitos. Disponível em: http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/1100054-sobre-sociologia-educacional-pierre-bourdieu/
- acesso em 21 de Junho de 2010.
Wikipédia a enciclopédia livre. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bourdieu
– acesso em 16, 18 e 21 de Junho de 2010.
2 comentários:
Muito obrigado pelas explicações, me esclareceu muito!
Muito legal, gostei, ajudou muito nas minhas atividades, obrigada!
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