sábado, 7 de junho de 2008

Auguste Comte

A filosofia comteana foi uma resposta aos conflitos resultantes da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, ocorridos na primeira metade do século XIX, em Paris.

O primeiro tema da filosofia de Comte, A Filosofia da História, pode ser condensada na lei dos três estados, onde as ciências e o espírito humano desenvolvem-se através de três fases: a teológica, a metafísica e a positiva.

Na fase teológica, é a imaginação que exerce a função principal, explicando o mundo através da existência de deuses e espíritos.

Além das funções de explicação da natureza, o raciocínio teológico exerce o importante papel de coesão social, incentivando os princípios morais e baseando-se no autoritarismo como forma de poder imutável, correspondendo-se com a monarquia como forma política.

Esse mesmo estado teológico é dividido em três períodos que se sucedem: fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo.

No fetichismo, os seres naturais possuem uma vida espiritual parecida com a do homem.
O politeísmo tira o principio vital dos seres naturais, explica a animação deles como sendo de responsabilidade de seres invisíveis que habitam um mundo superior.
O monoteísmo reúne todas as divindades numa só e aumenta a distância entre os seres e suas teorias explicativas.

No desenvolvimento do espírito humano, a fase teológica monoteísta representa um estado de transição para o estado metafísico.

A metafísica se caracteriza pela dissolução do estado teológico. Na mentalidade metafísica, os diferentes grupos de fenômenos são explicados através de forças físicas, químicas e força vital, que acabam substituindo os deuses da fase teológica. Sendo que todas essas forças foram reunidas numa só – a natureza – que se revelaria como o deus único do monoteísmo.

Na política, o espírito metafísico corresponde à substituição dos reis pelos juristas, concebendo a sociedade originária de um contrato.

A metafísica e a teologia tentam explicar a natureza íntima das coisas, sua origem e seu destino, e a maneira pela qual são produzidas. A diferença está no fato de que a metafísica coloca o abstrato no lugar do concreto e o argumento no lugar do imaginário.

O estado positivo se caracteriza pela observação, que antecede a imaginação e a argumentação. A visão positiva abandona a consideração das causas dos fenômenos e transforma-se em pesquisa de suas leis, concebidos como relações constantes entre fenômenos observáveis.

A filosofia positiva, ao contrário dos outros estados, considera impossível reduzir os fenômenos a um só principio, pois a experiência não mostra mais do que uma limitada interconexão entre determinados fenômenos. Assim, cada ciência se ocupa apenas com certo grupo deles.

A unidade que o conhecimento pode alcançar é subjetiva, baseando-se no fato de se empregar o mesmo método. E uma idêntica metodologia produz convergência e homogeneidade de teorias. Essa unidade, além de individual, também é coletiva; fazendo da filosofia positiva o fundamento intelectual da fraternidade entre os homens.

O positivo é caracterizado pela previsibilidade – ver para prever. A previsibilidade científica adianta o desenvolvimento da técnica, interligando o estado positivo à indústria. O positivo estuda o real, o certo, o preciso, o útil.

Na política e no social, o estágio positivo marca a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas, e do poder material para os industriais.

O segundo tema da filosofia de Comte é a classificação das ciências que, de certa forma, está vinculado à filosofia da história. No segundo tema, cada ciência respeita a periodização dos três estados, porém, não ao mesmo tempo.

As ciências classificam-se de acordo com a maior ou menor simplicidade de seus objetos, onde se estabelece a seqüência: matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia.

Comte diz que a sociologia é o fim essencial de toda a filosofia positiva e inclui parte da psicologia, a economia política, a ética e a filosofia da história.

A filosofia de Comte distingue a estática da dinâmica social, onde a estática estuda a condição constante da sociedade, e a dinâmica estuda as leis do desenvolvimento progressivo.

A noção da estática é a ordem, da dinâmica, é o progresso, onde a segunda é subordinada a primeira, porque o progresso vem somente depois da ordem, e acaba aperfeiçoando o que é permanente na sociedade, como por exemplo: a família, a linguagem, a religião.

O positivismo também teve um impacto religioso, mas a intenção era que fosse uma nova religião de verdade. Batizado como a religião da humanidade, teve seus fundamentos teóricos na sociologia que Comte concebeu, que é o terceiro tema da filosofia de Comte – A reforma das instituições.

O positivismo não teve grande seguimento religioso na Europa, porém, no Brasil exerceu muita influência. Comte organizou o saber humano baseado na ciência, sem conceitos teológicos nem metafísicos, classificou as ciências e organizou a sociedade.

Fonte de Pesquisa para este post: Coleção Os Pensadores - São Paulo: Ed. Victor Civita, 1983

3 comentários:

Unknown disse...

Adorei a forma simples e explicativa deste texto sou academica e me ajudou muito

Sabrina A. Rosa disse...

Que bom saber disso!
Fico muito contente.
Espero justamente isso, que as pessoas possam aproveitar o blog também para a vida acadêmica.
Só preciso voltar a postar...

Unknown disse...

Realmente, o texto está objetivo e simples. Estou estudando sociologia para o vestibular e preciso de material extra, que facilite.
(Esse ano estou tendo uma absurda abertura no meu "leque", é mto legal.)
obrigada, Sabrina.